A Guerra Colonial iniciou-se em 1961, sendo Angola, Moçambique e Guiné as três principais frentes de Guerra para onde foram mobilizados muitos açorianos, de todas as ilhas, estimando-se que, destes, o número dos que cumpriram serviço militar no Ultramar ultrapassa folgadamente os 14.000 homens.

As freguesias de São José (Ponta Delgada) e Santa Cruz (Praia da Vitória) foram as que mais efetivos deram para a Guerra sendo, mais de quatro centenas e meia e, mais de três centenas de homens, respetivamente.

A mesa-redonda sobre a Guerra Colonial que a Biblioteca Pública Luís da Silva Ribeiro realiza no próximo dia 24 de maio, pelas 18h00, no âmbito da exposição “Abril: a aurora inacabada” (em exibição) trará o testemunho de quem nela combateu e teve a sorte de regressar com vida: José Adriano Borges de Carvalho, Dimas Simas Lopes e João Manuel Barcelos (em representação da Liga dos Combatentes – Núcleo da Ilha Terceira), com a moderação de Álamo Oliveira.

Ficamos na expetativa da participação do público e da sua contribuição nesta sessão.

Ao longo do ano a Biblioteca vai promover um conjunto de atividades no âmbito da exposição assinalada.

Notas Biográficas

José Adriano Borges de Carvalho

José Adriano Borges de Carvalho, casado, natural da freguesia de Santa Cruz, concelho da Praia da Vitória, onde nasceu a 26 de julho de 1947.

Após concluir o ensino primário, continuou os seus estudos no Seminário de Ponta Delgada, tendo completado o nono ano (Primeiro ano de Teologia) no Seminário de Angra do Heroísmo.

Cumpriu o serviço militar, após a recruta como cadete em Mafra, no Batalhão de Infantaria 18 nos Arrifes, Ponta Delgada, como aspirante e fez uma comissão de serviço na Guiné, nos anos de 1969/1970, como alferes miliciano.

Em 1974 licenciou-se em Direito na Faculdade de Direito de Lisboa, exercendo a profissão de Advogado de 1980 a 31 de dezembro de 2018, data em que se reformou.

Em 26 de agosto de 1975 tomou posse como vogal da Junta Regional dos Açores para a Coordenação Económica e Finanças.

Nos anos de 1977/1978 foi adjunto do Secretário Regional da Administração Pública para o sector da Administração Local.

Foi deputado pelo Partido Social Democrata à Assembleia Legislativa Regional, eleito pelo círculo da Ilha Terceira desde a primeira legislatura, de 1976 a junho de 1992, data em que se tornou deputado independente, tendo terminado o mandato no final da legislatura. Foi presidente do Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata de 1976 até junho de 1992. Como deputado exerceu as funções de presidente das Comissões de Assuntos Sociais, Assuntos Internacionais, Organização e Legislação, Comissão Eventual para a Revisão do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, Comissão Eventual de Inquérito e Comissão Eventual para a Apreciação dos Projetos de Revisão Constitucional e relator da Comissão de Organização e Legislação.

A nível partidário, exerceu as funções de presidente da Comissão Política da Ilha Terceira e de membro da Comissão Política Regional de 1975 a junho de 1992.

Foi membro da Assembleia Municipal da Praia da Vitória de 2009 a 2013.

Exerceu o cargo de presidente da Assembleia Geral da Associação das Crianças Deficientes da Praia da Vitória, da Filarmónica União Praiense, do Sport Clube Lusitânia e da União Desportiva Praiense.

Dimas Simas Lopes

Nasceu nos Biscoitos, Terceira, Açores, em 1946.

Licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra e especialidade de Cardiologia com formação nos HUC, Coimbra; Hospital de Santa Cruz, Carnaxide; Hospital La Paz, Madrid e Hospital de Angra do Heroísmo, como Chefe de Serviço.

Frequentou o ateliê do Pintor Enrique Valero em Angra do Heroísmo e em Madrid e foi convidado para a primeira exposição de pintura, em 1992, Galeria da Direcção Regional de Cultura, Angra do Heroísmo. A partir desta data, por convite ou por selecção em concursos, fez várias dezenas de exposições individuais e colectivas em galerias e outros espaços públicos nos Açores, Porto, Coimbra, Lisboa, Itália, Brasil, Estados Unidos. Na Agora Gallery, Soho, New York, como artista residente, durante o ano de 1996. A partir de 1998 iniciou a prática de escultura, em metais, concebendo maquetas, como propostas de arte pública, “Segmentos para uma Paisagem”, algumas concretizadas em Biscoitos, a escultura de homenagem aos “Homens do Mar e da Terra”, no Pico da Bagacina a escultura “O Pastor de Gado Bravo”, na Vila das Lajes a escultura “A Quarta Dimensão”, na Biblioteca Pública de Angra “O Escritório Pós-Moderno”, na Ilha Terceira, e em Coimbra, as esculturas “ A Dança” e “Pela Esperança”, e no Alentejo, em Sobral da Adiça, “A Árvore do Caos”, Escultura “Uma Flor Para a Criança Da Terra De Todos” em Angra do Heroísmo. Pintou as séries “A Cor da Palavra”, “O Outro Lado da Terra”, “O Ouro e os Mitos”, “Sinais da Matéria” e outras, estando representado na Ilha Terceira, Açores, com pintura mural na Igreja de São Pedro e Impérios do Espírito Santo, nos Biscoitos, Capela do Hospital de Angra do Heroísmo e Pintura em três murais na Igreja do Lameirinho. Com quadros em colecções de Portugal, França, Espanha, Itália e Estados Unidos. Recebeu a medalha de Valor Cultural da Câmara Municipal da Praia da Vitória e outros prémios. Membro da direção do Instituto Açoriano de Cultura (1995-2007), Sócio da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, da Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos, da Sociedade Nacional de Belas Artes. Fundou em 2004 a Carmina Galeria de Arte Contemporânea, na Ilha Terceira, Açores. Em 2012 publicou o livro SONATA PARA UM VIAJANTE pela Editora Calendário de Letras, em 2015 publicou o livro PORTO DO MISTÉRIO DO NORTE pela Editora companhia das Ilhas e em 2019 publicou o livro O RAPTO pela mesma Editora e em 2022 o livro UM HOMEM DE CONTRADIÇÕES.

Álamo Oliveira

Álamo Oliveira n. Raminho, Terceira, 1945. Estudou no Seminário de Angra, cumpriu o serviço militar na Guiné e foi funcionário em diversos departamentos governamentais ligados à Cultura. É sócio fundador do Alpendre-grupo de teatro, onde foi diretor artístico e encenador. Tem mais de quatro dezenas de livros publicados com poesia, romance, conto, teatro e ensaio. Está representado em variadas antologias de poesia e prosa internacionais. Prémios: «Maré Viva», Câmara do Seixal, para o romance Até Hoje Memórias de Cão – 1985. Prémio «Almeida Garrett» (teatro) para A Solidão da Casa do Regalo – 1999. Romance Já não gosto de chocolates foi traduzido e publicado em inglês, bem como em japonês. Em 2002, a Portuguese Studies Program, da Universidade da Califórnia em Berkeley, convidou-o, na qualidade de «escritor do semestre». Foi o primeiro português a receber tal distinção. Recebeu a Insígnia de Reconhecimento da Região dos Açores e é Comendador da Ordem de Mérito da República Portuguesa.  Em 2020 e para celebrar os 75 anos de idade do Escritor, a Biblioteca Pública e Arquivo Luís da Silva Ribeiro, de Angra do Heroísmo, promoveu uma exposição biobibliográfica. A este acontecimento, juntaram-se a Junta de Freguesia e Casa do Povo do Raminho, bem como a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo na qualidade de patrocinadora da edição das obras de Álamo Oliveira, através da Editora Companhia das Ilhas.