ANTERO DE QUENTAL (Ponta Delgada, 1842-1891) dispensa qualquer tipo de apresentação. Eça de Queiroz, seu amigo e admirador, disse que ele era o único homem, que conhecesse, que aliava em si «o sumo génio poético» à «suma razão poética»; Lev Tolstoi leu Antero em alemão e registou-o no seu diário; e Fernando Pessoa, que chegou a planear uma edição da poesia de Antero que não seria muito diferente desta, afirmou que ele é talvez o poeta mais consciencioso que alguma vez existiu, e que, se não foi o maior poeta da península Ibérica no século XIX, foi sem dúvida o seu «maior homem de génio».

A obra que se propõe reúne, pela primeira vez, integralmente e em edição crítica, toda a poesia de Antero de Quental que chegou até nós, num conjunto de três volumes sujeitos a um mesmo modelo filológico. Neles se encontram o Antero das poesias «de combate» e «de amor e fantasia» (I, Odes Modernas e Primaveras Românticas), o Antero da «essência mais funda das coisas» (II, Os Sonetos Completos), e o Antero autor de uma poesia «indistinta» que «não define bem e tipicamente o estado de espírito que a produziu» e que, entre altos e baixos, foi acompanhando os outros ao longo de toda «uma vida moralmente tão agitada e dolorosa» (III, Poemas Dispersos, Alterados ou Destruídos).