Confissões de uma Liberal de Maria Filomena Mónica é um livro de crónicas diarísticas selecionadas pela própria autora e editadas pela Quasi. São crónicas inéditas em livro que nos mostram um olhar realista, irreverente e inconformista sobre: o Estado, o Islão, a sociedade, a educação e a cultura.

Foi uma surpresa ler o título de uma das crónicas: “As mulheres portuguesas são parvas”, o título deixou-me desconfortável. Li e não resisto a citar  um parágrafo desta crónica: a ideologia dominante alterou-se menos do que pensava: um trabalho publicado por Karin Wall do Instituto de Ciências Sociais, e por Lígia Amâncio, do ISCTE, veio demonstrar que a quase da totalidade dos portugueses (93%) considera que, num casal, tanto o homem como a mulher devem trabalhar fora de casa, mas um número impressionante (78%) diz que uma criança pequena sofre quando a mãe trabalha. Cerca de metade da população pensa que as mães se deveriam abster de trabalhar quando têm filhos de menos de seis anos. Ora, devido aos salários, reduzidos, da maioria dos trabalhadores masculinos, Portugal possui a mais alta taxa de emprego feminino da Europa, uma situação que só pode conduzir a que as portuguesas vivam em estado permanente de culpabilidade. (p.75-76) Mais adiante profere: nunca esperei que a situação fosse tão má. Na minha ingenuidade, pensei que na História, havia domínios – sendo um deles a emancipação feminina – em que se tinham verificado progressos. (…) Algumas raparigas ainda parecem pensar que a sua função no Universo consiste em desempenhar papéis de esposas devotadas, paranoicamente ocupadas com a limpeza do pó, e mães tão excelsas quanto a Virgem Maria. (p. 77) Vale a pena ler.