Celebrar os 50 anos do 25 de Abril é homenagear os homens e mulheres que fizeram a Revolução em 1974, os que lutaram pela Liberdade no nosso país, mas também os que “ficaram pelo caminho” na longa noite da Ditadura.

 

A Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro assinala esta data com a exposição “Abril: a aurora inacabada”, a inaugurar no dia 1 de maio pelas 21:00H, uma iniciativa que pretende centrar a atenção nos acontecimentos e nas vivências desse período na ilha Terceira, sem esquecer, contudo, o panorama nacional antes e depois da revolução. A Guerra Colonial e a participação de terceirenses na mesma, a Censura, as lutas laborais na Terceira, os acontecimentos do 25 de Abril na ilha, e a implantação das estruturas partidárias na Região são alguns dos temas abordados nesta exposição.

 

A abertura da exposição, momento de partilha e de festa da Liberdade terá um concerto com António Bulcão e Samuel Quedas que, através da música, nos levarão por uma viagem de evocação da jornada portuguesa ao encontro da Democracia.

 

No dia 4 de maio, uma mesa-redonda abordará “o 25 de Abril na ilha Terceira”, com os testemunhos de Carlos Enes, Humberto Machado e Luiz Fagundes Duarte, sob a moderação de Luciano Barcelos. Ficamos na expectativa da participação do público terceirense e do seu contributo, enriquecendo a sessão com as suas vivências e testemunhos desta época.

Ao longo do ano a Biblioteca vai promover um conjunto de atividades no âmbito da exposição assinalada.

 

Notas Biográficas

António Bulcão nasceu na Horta, Faial, em 1959.

O pouco que toca na guitarra aprendeu por si, numa ilha onde não havia Conservatório ou escola de música.

Integrou alguns conjuntos de baile ainda no Faial. Fixa residência na ilha Terceira em 1984, tendo integrado o grupo “Toques” e fundado, com Luís Bettencourt o “Cantinho da Terceira”.

Participou em muitos concertos, a solo e em grupo, em todas as ilhas do arquipélago e no continente.

 

 

 

Gravou dois discos. “Não nos falta mar”, com produção de Luís Gil Bettencourt, e “Fronteira”, com produção de Mário Laginha.

 

Samuel – Autor e intérprete de canções

Samuel, nascido em 1952. Os primeiros vinte anos de vida são uma sucessão de             “mal-entendidos”, envolvendo uma Igreja à qual não quer pertencer e um curso apontado para a economia, que não quer seguir. Quando finalmente escolhe a História, descobre que a História já tinha outros planos: apresentar-lhe pessoalmente José Afonso.

Chegado às cantigas um pouco antes de 72, guiado pelo som de Manuel Freire, Fanhais, Paco Ibañes, Adriano Correia de Oliveira, José Mário Branco e José Afonso, entre mais alguns, foi o encontro com “o Zeca” que determinou o início daquilo a que se costuma chamar uma carreira artística, mas que veio a revelar-se algo bem mais importante: mudar de vida. O 25 de Abril encontra-o em pleno início da carreira profissional.

Com o Zeca aprendeu quase tudo o que usa para fazer canções, menos o segredo para enriquecer à custa disso, habilidade que o Zeca também desconhecia. De lá para cá, num trajeto assumidamente marginal, nunca mais deixou de cantar e fazer as canções que achou necessárias para dizer aquilo que acreditou dever ser dito.

Depois de alguns discos, milhares de quilómetros de “Canto Livre”, muitas centenas de concertos, festivais de canção cá dentro e fora do país, passagens pelo teatro “A comuna”, “Teatro Adoque” e “A barraca”, produção musical de discos e criação de canções para outros artistas, músicas para novelas televisivas, marchas populares, etc., etc… ainda a procissão vai no adro, ainda há muito para fazer. Enquanto autor, enquanto intérprete, enquanto “agente” de cultura, enquanto cidadão.

Trabalho discográfico mais recente: “Sempre um fim, sempre um começo”, um CD de originais com músicas próprias, poesia de diversos grandes autores e autoras e produção musical do José Mário Branco.

Atitude mais recente: Passar a viver na ilha Terceira, nos Açores.

 

Carlos Enes nasceu (1951) na Vila Nova, ilha Terceira.

Professor de História no Ensino Secundário, desde 1978, exerceu também funções docentes na Universidade Eduardo Mondlane (1981-84), Maputo, e na Universidade Aberta (1996-2003), Lisboa.

Mestre em História Contemporânea (1993), pela Universidade Nova de Lisboa, dedica-se há vários anos à investigação da história açoriana, com vários livros e cerca de 25 artigos publicados, além da participação em colóquios e fóruns nas mais diversas instituições.

É autor do romance Terra do Bravo (2005), edição esgotada, e Cicatriz da Chuva (poesia) e A galope numa noite de búzios (2023).

Foi deputado do Partido Socialista na Assembleia da República, 1911-1915 e agraciado com a Medalha de Mérito Profissional atribuída pela Assembleia Regional/Governo Regional.

Das obras publicadas destaque-se os seguintes livros: A economia Açoriana entre as duas guerras mundiais; Luís da Silva Ribeiro, organização e recolha dos textos para os vol. IV, e vol. V das suas Obras; A Memória Liberal na Ilha Terceira (2ª edição em 2023); A Casa dos Açores em Lisboa; O Carnaval na Vila Nova; Vila Nova: pelos caminhos da sua história; A fotografia nos Açores; Álbum terceirense, 5 volumes; Angra do Heroísmo: alma e memória; A oposição democrática em Ponta Delgada: das eleições de 1969 à Cooperativa Sextante; A violência da FLA quase tomou conta da ilha; A terra tremeu em S. Jorge, em 1964.

 

Humberto Fernando Botelho Machado nasceu em Rabo de Peixe, Ribeira Grande, S. Miguel em 18 maio de 1951.

No seu percurso académico frequentou:  o Liceu Nacional de Angra do Heroísmo, o                                         Liceu Nacional de Aveiro, a Universidade dos Açores – Línguas e Literaturas Modernas e a Universidade Aberta – Major: Estudos Europeus e Minor: Economia, Direito, Sociologia.

No seu percurso profissional exerceu funções de Tenente – Força Aérea Portuguesa e                                     Técnico Qualificado de Vendas e Reservas – SATA.

Desempenhou diversas actividades sociais  e outras, nomeadamente foi Membro do Corpo Nacional de Escutas, Director de Formação – CNE, Presidente da Filarmónica União Praiense; Membro da Assembleia Municipal Da Praia da Vitória, Membro da CPCJ da Praia da Vitória e Juiz de Menores – Comarca da Praia da Vitória.

 

Luiz Fagundes Duarte (Serreta, Angra do Heroísmo, 1954), é Professor aposentado da Universidade Nova de Lisboa. Filólogo, colaborou nos projectos de edição crítica das obras de Eça de Queiroz (A Capital!, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1992) e de Fernando Pessoa (Poemas de Ricardo Reis, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1994 e 2015; Mensagem e Poemas Publicados em Vida, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2018 e 2023). É autor da edição crítica da Poesia de Vitorino Nemésio (quatro volumes, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2003-2009), da Poesia Completa de Antero de Quental (três volumes, Editora abysmo/Direcção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, 2016-2018), e da edição conjunta dos três romances de Dias de Melo — Mar Rubro, Pedras Negras e Mar pela Proa — que constituem o «Ciclo da Baleia» (Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2024).

Publicou vários livros na área da crítica textual (A Fábrica dos Textos, Edições Cosmos,1993; Do caos redivivo, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2018; e Os Palácios da Memória, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2019), e mais de uma centena de artigos científicos em livros e revistas da especialidade, em Portugal e no estrangeiro.

Dirige actualmente uma nova edição da Obra Completa de Vitorino Nemésio, em publicação desde 2018, numa co-edição Imprensa Nacional /Companhia das Ilhas, e tem, em fase de produção, o livro O Essencial sobre Natália Correia (Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2024).

Foi Director Regional dos Assuntos Culturais (1996-19990), Deputado à Assembleia da República (1999-2011), onde exerceu o cargo de Presidente da Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, e Secretário Regional da Educação, Ciência e Cultura (2012-2014).