A Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro promove de 22 de maio a 20 de setembro, a exposição Quietude, de Kerstin Thomas  Renato Costa e Silva.

A exposição reúne um conjunto de objetos utilitários, quase todos oriundos da ilha Terceira, que desafiam o olhar do visitante pela forma irregular que apresentam. A própria assimetria faz despertar uma emoção estética e um deleite de participação no processo artístico.  As peças emergem no silêncio reclamando as forças da natureza, quer pela composição dos seus materiais, quer pelos cheiros que evocam a transformação da substância orgânica em arte.

Os valores estéticos expressos nas peças escultóricas comunicam também os valores da cultura oriental em que as irregularidades e as imperfeições integram o ato criativo na sua busca pela identidade única em oposição aos valores do industrialismo.

A inauguração desta iniciativa ocorrerá no dia 22 de maio pelas 18h00, no espaço da Literatura & Artes.

Kerstin Thomas

Nascida em 1964 e formada em escultura em madeira, funda o seu atelier em 1990 em Cerdeira/Lousã. Após anos de trabalho com madeira, tanto escultura como pequenas peças de mobiliário, chega à cerâmica em 2015 devido à construção do Sasukenei-Forno sem Fumo, desenhado por Sensei Masakazu Kusakabe na Cerdeira. Seguem anos de workshops com o mestre japonês e outros formadores internacionais, para além de uma aprendizagem exaustiva de cerâmica no atelier de Renato Costa e Silva desde 2018. Apaixonada pelas cozeduras a lenha, pelo processo em si e pela partilha que proporciona entre ceramistas, procura o efeito da chama e das cinzas como complemento importante das suas peças.

Kerstin trabalha em parceria com Renato Costa e Silva no seu atelier em Cerdeira/Lousã e Angra do Heroísmo, conciliando o trabalho artístico com o da direção artística da Cerdeira Arts&Crafts School e da curadoria das exposições “Elementos à Solta-Art meets Nature” (desde 2006) e “De Mestres e Chefs” (desde 2019).

Renato Costa e Silva

Nascido em 1956 em Angra do Heroísmo, Açores, faz da cerâmica o seu meio de expressão modo de vida há 45 anos. Marcado pelas viagens e contacto com os grandes museus da Europa, decide seguir arquitetura em Hamilton/Canada em 1975. Mas a academia não consegue satisfazer a sua procura incessante de conhecimentos mais abrangentes, pelo que decide tratar da sua própria educação, beber tanto de fontes académicas como de mestres artesãos tradicionais. Inspirado pelas publicações de Daniel Rhodes, Michael Cardew e Bernard Leach, constrói o primeiro forno a lenha de chama invertida em 1980. Realiza um extenso trabalho de estudo e testes de barros e materiais cerâmicos da ilha Terceira para obter matéria-prima local de origem vulcânica. Essencial para seu percurso foram contactos regulares com mestres ceramistas japoneses, tanto em workshops como em viagens de estudo ao Japão.

Tem realizado esculturas para espaços públicos e exposições individuais e coletivas em Portugal, EUA, França e Kuwait. Renato trabalha, em parceria com Kerstin Thomas, no seu atelier em Angra do Heroísmo e em Cerdeira/Lousã.